16 de novembro de 2011

A carta que nunca lerás #2

Imagem retirada da Internet

Amor,

Como é difícil aceitar a tua partida, quando sinto que ficaram momentos por viver, quando sinto que ficaram palavras por dizer. Quando penso que os melhores momentos da nossa vida estavam para acontecer. Tento contentar-me com o recordar dos momentos vividos, e guardá-los carinhosamente na minha memória. São dias e noites, sem excepção em que tu és a rainha dessas memórias. 
Hoje lembrei-me das noites em que fermentávamos os nossos desejos carnais. Lembraste quando dizias que a minha língua conseguia atingir em cheio o mais difícil e mais desejoso dos teus alvos? Quando dizias que o teu corpo parecia levitar num corpo de fogo numa magia de luz? Quando suspiravas melodiosamente com um sorriso rasgado na tua linda face? Tenho agora um sorriso similar desenhado no meu rosto por me lembrar tão nitidamente. Lembras-te quando galopavas sobre o meu corpo, num encaixe perfeito, com teu corpo e fogo ardente? Quando mordiscavas teus próprios lábios, e esperneavas teus braços, deleitando-te sem recato? No fim, quando chegavas ao êxtase, continuavas com ele dentro de ti, e deitavas-te sobre o meu peito. Sentia-te tão em mim, como tu me sentias em ti. E as nossas noites tornavam-se tão pequenas, que mais pareciam tiradas de um livro com uma capa sem conteúdo. Uma capa, porém, digna de exposição numa galeria de arte. 
Por momentos preciso bloquear meus pensamentos porque a dor da tua ausência se sobrepõe à satisfação dos momentos que partilhamos. Vou tentar me deitar na nossa cama, e respirando o teu perfume que ainda circula no nosso quarto, tentarei adormecer, esperando amanhã ter vontade de acordar. Despeço-me de ti meu amor, contando-te uma mentira e uma verdade. Esta será a última carta que te escrevo. Carta que foi escrita com lágrimas que por ti nasceram, com este meu coração sendo corroído, porque a tua ausência é sentida a cada pestanejar destes meus olhos vazios de amor. Do teu amor. Não quero outro.

Amei-te, amo-te, e amar-te-ei eternamente.

16 comentários:

  1. Boa noite estimado Dário,

    Li e reli o seu texto, o seu desabafo, o seu último grito, a sua última carta.
    Será a última ou o coração, porque é cego, voltará ao mesmo sítio, onde já não há saída?
    Perfeito e sensual encaixe semântico e físico!
    Pensava eu, que já não havia "Romeus", mas afinal, ainda vão surgindo.
    Que bom! Faço sinceros votos, para que a sua "Julieta" compreenda e atenda esse coração tão dilacerado, recorde os momentos sem nome, que passaram juntos, e VOLTE, DE FORMA PLENA, TOTAL, INTEIRA E REPLETA DE VERDADE.

    SEJA FELIZ, E, SE POSSÍVEL, FAÇA OS OUTROS FELIZES!

    Beijos de luz.

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  2. Boa noite Luz.

    A Julieta partiu nos braços da Morte...

    Beijo e obrigado pela visita.

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  3. Bom dia Dário,

    Ela e as circunstâncias assim o quiseram, mas afirmo-lhe, que "HÁ MAIS MARIAS NA TERRA".

    Beijo de luz.

    PS:Não me agradeça NADA, do que lhe "DOU". Se visito o seu blog, se comento, se falo, de concordo, se descordo, se estou aqui consigo, é porque QUERO.

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  4. Uma carta carregada de sentimentos profundos!Que a tua sensibilidade viva, todos os dias, intensamente no teu coração!
    Beijos***

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  5. Intenso...fez-me lembrar o "Soneto da Separação" de Vinícius de Moraes

    "De repente do riso fez-se o pranto
    Silencioso e branco como a bruma
    E das bocas unidas fez-se a espuma
    E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
    De repente da calma fez-se o vento
    Que dos olhos desfez a última chama
    E da paixão fez-se o pressentimento
    E do momento imóvel fez-se o drama."

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  6. Lindo isso:"a tua ausência é sentida a cada pestanejar destes meus olhos vazios de amor". Adorei tua escrita. bjs

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  7. Muito lindo este texto :)
    Vou continuar a seguir a tua escrita. Bjs*

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  8. Dário,

    Apesar da beleza em teu texto, o que mais prevalece em mim é a dor, porque essa bem conheço. Será eterno sim, o meu o é, e tantos anos já se passaram...
    Tempo, tempo só ele trará alívios.

    Beijo com todo carinho e total identificação com tua dor.

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  9. Boa tarde estimado Dário,

    Passei para lhe desejar um óptimo dia.
    "Embrulhe-se" no sol, que por essas paragens, é coisa que não falta.

    SEJA FELIZ.
    Beijos de luz.

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  10. Através da minha tia que é sua seguidora, cheguei até aqui, gostei tanto das suas palavras, ainda não tive tempo de ler tudo, mas esta carta em particular, gostei muito.
    A despedida através das palavras, como se de alguma forma amenizasse a saudade, fizesse aceitar a partida, aceitar o que é inaceitável.
    Mas a vida faz-se de caminhos sinuosos ou não. No entanto, são esses caminhos que nos transformam em seres humanos melhores e mais completos.
    Força.

    P.S. Vou começar a seguir o blog, gostei.

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  11. Que triste carta, que triste. Chorei contigo. =/
    Mesmo assim foi tão belo o teu escrito. Que fico sem palavras para elogiar e te dar forças.
    Mas vou está aqui, torcendo por você. Revigorará.

    Um beijo imenso no seu coração.

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  12. Adorei Dário, senti tudo isso contigo e conheço este sentimento tanto quanto tu.
    Magnifico. *

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  13. Morremos aos poucos com a despedida que sabemos não ter volta. Sentimos em cada canto a presença do outro, forte e ainda dominadora.
    Muito linda sua carta.

    Bjs.

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  14. Querido amigo Dario,

    é um prazer enorme para mim ler-te, cada poesia tua, cada texto, oh my god, é uma beleza de palavras e emoções, adoro mesmo, não adoro só por ser tua amiga mas sim porque realmente mereces que eu admire a tua escrita porque é fantástica!

    Um excelente domingo e até já =)

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