29 de novembro de 2011

A carta que nunca lerás #3

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Meu sonho lindo,

Penso em abraços. Dos que dei e dos que ficaram por dar. Dos teus e dos que desejaria que fossem teus. Oh, o teu abraço! Abraço de luz, abraço de vento. Um abraço que seduz, um abraço de alento…

Hoje estou em desalento. A tua morte foi o réu deste sentimento. Percorro caminhos nocturnos, junto ao mar revolto, com lágrimas que nascem sem autorização, deixando um pouco de dor em cada passo dado. É um caminhar amargurado…

Na minha alma formam-se letras livres, das palavras que te ofereci. Novas frases, o mesmo amor. E fico com este amor guardado num jardim secreto que criei num recôndito canto do meu coração. Cuido dele todos os dias, suportando tempestades de saudade, ciclones de dor, e furacões de tristeza. Só o amor é capaz de suportar tudo isto. Este amor intemporal, que o Cosmos liga entre os nossos mundos, e que define a razão da minha vivência. Sem ele estaria em demência...

Com tua energia, vem em forma de vento abraçar-me, que hoje preciso do teu abraço. Serás sempre o meu regaço... 

27 de novembro de 2011

Tempo perdido


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Na revolta do meu canto
Os pensamentos me iludiram
Com memórias de espanto
Que outrora seduziram


Foi uma razão escondida
Na vivência que foi esse passado
Uma dor muito sentida
Quando o tempo tirou-te do meu lado!


E estava o sonho perdido
Levado na margem da esperança
Foi um viver jamais esquecido
Foi tristeza... foi mudança...


E Hoje...
Já não há brilho no olhar
Que me faça acreditar
Que te voltarei a amar!

* Poema de 2002

16 de novembro de 2011

A carta que nunca lerás #2

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Amor,

Como é difícil aceitar a tua partida, quando sinto que ficaram momentos por viver, quando sinto que ficaram palavras por dizer. Quando penso que os melhores momentos da nossa vida estavam para acontecer. Tento contentar-me com o recordar dos momentos vividos, e guardá-los carinhosamente na minha memória. São dias e noites, sem excepção em que tu és a rainha dessas memórias. 
Hoje lembrei-me das noites em que fermentávamos os nossos desejos carnais. Lembraste quando dizias que a minha língua conseguia atingir em cheio o mais difícil e mais desejoso dos teus alvos? Quando dizias que o teu corpo parecia levitar num corpo de fogo numa magia de luz? Quando suspiravas melodiosamente com um sorriso rasgado na tua linda face? Tenho agora um sorriso similar desenhado no meu rosto por me lembrar tão nitidamente. Lembras-te quando galopavas sobre o meu corpo, num encaixe perfeito, com teu corpo e fogo ardente? Quando mordiscavas teus próprios lábios, e esperneavas teus braços, deleitando-te sem recato? No fim, quando chegavas ao êxtase, continuavas com ele dentro de ti, e deitavas-te sobre o meu peito. Sentia-te tão em mim, como tu me sentias em ti. E as nossas noites tornavam-se tão pequenas, que mais pareciam tiradas de um livro com uma capa sem conteúdo. Uma capa, porém, digna de exposição numa galeria de arte. 
Por momentos preciso bloquear meus pensamentos porque a dor da tua ausência se sobrepõe à satisfação dos momentos que partilhamos. Vou tentar me deitar na nossa cama, e respirando o teu perfume que ainda circula no nosso quarto, tentarei adormecer, esperando amanhã ter vontade de acordar. Despeço-me de ti meu amor, contando-te uma mentira e uma verdade. Esta será a última carta que te escrevo. Carta que foi escrita com lágrimas que por ti nasceram, com este meu coração sendo corroído, porque a tua ausência é sentida a cada pestanejar destes meus olhos vazios de amor. Do teu amor. Não quero outro.

Amei-te, amo-te, e amar-te-ei eternamente.

7 de novembro de 2011

Musical Sedução


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Vens, poderosa, minha amante
Despida, sentando-te ao piano
Oiço Schubert … e é intrigante
A peça começa, abre-se o pano…


Levantas-te, como esguia feiticeira
Apoderando-se dos olhares evasivos
Cantas no palco à minha beira
Atraindo mortos, quanto mais vivos…


E és assim sedutora do mundo
Escravizando almas pelo olhar
Há um inefável poder profundo
Que usas para os conquistar…


E para que o fim se apresse
Novamente sentas-te ao piano
Oiço Mozart … Que génio Esse!
A peça acaba, fecha-se o pano…

3 de novembro de 2011

A carta que nunca lerás #1


Minha doce borboleta,


      Hoje não tenho mais lágrimas para chorar tua morte. O vento que esta noite percorre os espaços vazios secou minha face que, estática, espera o sono chegar. Como custa passar os dias sem ti! Tu, que tinhas te transfigurado na idílica personagem de um conto de fadas, conseguindo junto a mim vivê-lo, mesmo dentro deste mundo pútrido. Levaste um pedaço da minha alma para sempre. E que pedaço enorme me falta, meu amor. Minhas mãos estão trémulas e perdidas, desde a última vez que te acariciei. Meu olhar está reprimido, pois do teu sente a falta. Meu coração está cheio de ti, e ao mesmo tempo consegue estar tão vazio. Ele sente falta do teu amor. E como era perfeito esse teu amor. Sabes, preciso cobrir a palavra amor com um cobertor de saudades… pois é a saudade que me permite ainda viver estes dias que não parecem ter sentido. Estou a tornar-me num alucinado compulsivo. Tenho medo, sabes. Sinto meu corpo cansado da tua ausência, sinto a minha voz rouca do silêncio de falar-te. Estes meus pés percorrem longas distâncias sem os colocar no chão. Ando perdido em céus, com desejos que mordem nuvens, desesperadamente te procurando. Como se fosse possível te encontrar, sabendo-te ressuscitada por bondade divina. Como a realidade dói meu amor! Sei que nunca sairás do mural da minha memória, pois toda ela fez-se estátua de ti. Muito menos do meu coração sairás, pois ficaste tatuada nele. E passarão dias, meses e anos e apenas quando a morte também me levar, a estátua partir-se-á e a tatuagem desaparecerá. Mas aí minha alma encontrará a tua e continuaremos nos amando noutra transcendência...